INFLUÊNCIAS DA OBRA DE JOÃO CABRAL NA POESIA DE PAULO HENRIQUES BRITTO

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Aluno de Iniciação Científica: Rafael Iatzaki Rigoni (PIBIC/UFPR-TN)

Curso: Letras - Inglês ou Português com Inglês (M)

Orientador: Waltencir Alves de Oliveira

Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 80210007


RESUMO

A poesia de João Cabral de Melo Neto é um caso brasileiro paradigmático da crise e das tensões presentes na lírica do século XX. Como Hugo Friedrich afirmou a lírica moderna é definida por suas características negativas, dissonantes. João Cabral acreditava que o problema da poesia moderna estava em sua falta de construção e organicidade devido à predominância do individualismo que levaria à diminuição do poder comunicativo da poesia. Para solucionar este problema João Cabral recorre àquilo que Benedito Nunes nomeia de psicologia da composição: um processo de elaboração do material poético que através de dois eixos, um vertical e outro horizontal – à saber, a arborescência da imagem e o aspecto permutativo da organização estrófica – busca a depuração das emoções e a submissão do individualismo moderno. Nunes ainda busca mostrar que em João Cabral não existe uma ruptura com o lirismo, mas sim um engajamento maior com a comunicação através do posicionamento cabralino perante a forma e ao subjetivismo. A posição adotada pelo poeta, comumente referida como seu antilirismo, é pedra de fundamento para muitos poetas posteriores a ele. Sendo assim, a pesquisa teve por objetivo o estudo e a análise da influência cabralina, mais especificamente de seu pressuposto antilírico, na obra do poeta Paulo Henriques Britto. Através da análise de símbolos e temas recorrentes na obra de Britto, como "a mão esquerda" por exemplo, buscou-se estabelecer uma relação com a problemática cabralina da comunicabilidade da poesia moderna. E ainda, através da análise do poema "PARA JOÂO CABRAL", conclui-se que a reelaboração da questão antilírica de João Cabral na obra de Britto apresenta aspectos diferenciados das tensões postas por João Cabral, devido ao fato de que Britto distinguiu a escrita que se volta aos objetos da escrita que se volta ao eu, enquanto que é através dos objetos que João Cabral se revela, e é pondo o sujeito lírico fora de si, de acordo com o que Michel Colot, que o poeta potencializa o "eu" levando-o a um "nós", finalmente atingindo a intenção de João Cabral por uma maior comunicabilidade em poesia.

Palavras-chave: Influência, João Cabral de Melo Neto, Paulo Henriques Britto