WITKACY, NOSSO CONTEMPORÂNEO: DIÁLOGOS COM O IN-YER-FACE

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Aluno de Iniciação Científica: Luciano Ramos Mendes (PIBIC/UFPR-TN)

Curso: Letras - Polonês (N)

Orientador: Marcelo Paiva de Souza

Departamento: Letras Estrangeiras Modernas

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 80210007


RESUMO

Stanis?aw Ignacy Witkiewicz (1885-1939), pintor, dramaturgo, escritor e teórico polonês, mais conhecido pela alcunha de Witkacy, viveu no começo do século XX, à época das vanguardas históricas. Enquanto sua obra possuía inúmeras confluências com estas, o autor nunca pretendeu inserir-se dentro de nenhuma delas de maneira específica – tendo seu próprio conjunto particular de ideias, entre as quais a de que uma arte (e, para o caso específico em questão, o teatro) que fosse "pura forma" poderia despertar em seu receptor uma "experiência metafísica". Sarah Kane (1971-1999) foi uma dramaturga britânica, possivelmente a maior expoente do que se batizou de teatro "in-yer-face" – corrente do drama inglês surgida justamente no final do século XX que prima por lançar mão do uso da violência, do sexo e do non-sense com o objetivo de levar o leitor/espectador à reflexão através do choque. O trabalho busca ler a obra de Kane através da lente das teorias de Witkacy e aproximar as poéticas dos dois autores – sobretudo no campo textual, mas não ignorando a linguagem cênica subjacente – utilizando não apenas as teorias desenvolvidas por Witkiewicz e as ideias fundamentais da poética do "in-yer-face" (retirados tanto de textos críticos e teóricos a respeito do assunto, quanto de entrevistas de dramaturgos e encenadores envolvidos), mas também conceitos mais gerais a respeito do drama moderno e contemporâneo, como as reflexões teóricas desenvolvidas por autores como Peter Szondy[i] e Jean-Pierre Ryngaert. Isso é feito com o auxílio de uma análise minuciosa das obras Blasted (Ruínas, cuja tradução para o português só existe em edição lusitana), de Sarah Kane, e de Matka (Mãe, igualmente inexistente em tradução brasileira, e, mesmo no caso português, apenas em tradução a partir do francês), de Witkacy – sem, no entanto, desconsiderar restante da respectiva produção de cada dramaturgo. Busco, no trabalho, não apenas demonstrar a contemporaneidade dos textos e ideias do autor polonês, mas também, especialmente considerando a ausência de traduções brasileiras tanto de Kane quanto de Witkacy, fomentar uma reflexão a respeito de estratégias tradutórias que lhes possam fazer jus à criação dramática de ambos os autores, tanto de um ponto de vista literário, quanto do ponto de vista das dinâmicas da cena contemporânea, considerando ainda modenas teorias da tradução, especialmente no concernente à tradução do texto dramático.

Palavras-chave: Stanis?aw Ignacy Witkiewicz, Sarah Kane, Estudos da Tradução