UMA LEITURA DE "A DAMA AOI": LITERATURA COMPARADA ENTRE MURASAKI SHIKIBU, ZEAMI E YUKIO MISHIMA

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Aluno de Iniciação Científica: Alisson Gebrim Krasota (PIBIC/CNPq)

Curso: Letras - Japonês (N)

Orientador: Márcia Hitomi Namekata

Departamento: Letras Estrangeiras Modernas

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 80210007


RESUMO

Durante o período Heian (794-1192), Murasaki Shikibu escreve aquele é considerado por muitos o primeiro romance da história: Os contos de Genji. Entre os diversos episódios que são narrados sobre a vida de Genji, há um intitulado Aoi no Ue (jogo de palavras que pode ser traduzido como "de coração para coração"), que conta a história a história da dama Rokujô, uma das amantes mais velhas do nobre Genji que, tomada por ciúmes, acaba por projetar seu espírito sobre Aoi, esposa de Genji, a fim de matá-la. No século XV, Zeami, o grande responsável pelo apogeu do teatro Nô e brilhante teórico desta arte, revisa uma adaptação de Aoi no Ue para o teatro Nô, melhorando-a conforme sua concepção teatral e tornando-se, a partir disto, seu autor, conforme a noção de autoria em voga. Cinco séculos depois é a vez de Yukio Mishima, escritor de reconhecido talento, fazer a atualização da peça de Zeami. Embora os autores sejam todos japoneses e haja relação explícita entre os textos e evidências históricas dessa intertextualidade, séculos separam a produção textual entre eles, além da própria modalidade de seus gêneros textuais (romance, adaptação e atualização). O recorte comparativo entre estes autores, em abstrato, recai sobre o tema da economia amorosa presente no renascimento da cosmologia budista e na cosmologia psicanalítica; concretamente, recai na lógica da vingança de Rokujô. As inferências destas cosmologias são analisadas conforme são sinalizadas em cada texto e em função do próprio texto. Além disso, as passagens textuais destas dinâmicas são contextualizadas historicamente e conforme o gênero narrativo. A abordagem desta economia é orientada pela teoria do dom de Marcel Mauss. Porém aqui se trata da economia das dívidas amorosas, pagas enviesadamente com sofrimento, doença, ciúmes, disputa, ódio e morte.

Palavras-chave: Aoi no Ue, Dom, Teatro Nô