O DIÁLOGO ENTRE A OBRA POÉTICA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO E A POESIA DE ORIDES FONTELA

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Aluno de Iniciação Científica: Iamni Reche Bezerra (Pesquisa voluntária)

Curso: Letras - Espanhol ou Português com Espanhol (M)

Orientador: Waltencir Alves de Oliveira

Departamento: Letras Estrangeiras Modernas

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 80206000


RESUMO

Observando os principais textos produzidos na década de 60 a 80, percebemos diversos lugares comuns na crítica do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto. Tal ocorrência se deve muito ao posicionamento do próprio autor frente à sua produção, uma vez que publicara em 1956 a obra "Duas Águas", onde dividiu as publicações anteriores em duas motivações poéticas: a primeira preocupada com o aspecto formal da poesia, e a segunda de viés social. O resultado dessa secção foi a redução da leitura crítica que passou a buscar apenas dois movimentos poéticos, enquanto a obra de João Cabral já demonstrou representar distintas vertentes, nunca harmonizadas e específicas de uma ou de outra obra, mas em tensão. Nesse sentido, a presente pesquisa pretendeu investigar a ocorrência dos diferentes aspectos ignorados pela crítica tradicional, se apoiando na reduzida crítica atenta à tensão cabralina. Tais elementos e configurações poéticas instauradas a partir de João Cabral estiveram presentes no cenário da poesia brasileira contemporânea, em alguns casos da forma bastante direta – como a reprodução serial de Carlito Azevedo –, em outros como referência de abertura a uma nova perspectiva poética. Este último modo de influência enquadra perfeitamente a presença cabralina na poesia de Orides Fontela. O segundo movimento investigatório se debruçou, portanto, sobre a obra de estréiada poeta, "Transposição" (1969), cuja qualidade catalisadora nos da acesso a diversos aspectos da sua poesia que serão desenvolvidos nas obras seguintes. Escolhemos três temas principais, oriundos do deslocamento de perspectiva inaugurado por João Cabral: a desconstrução da metáfora, a forma particular de abordagem do lirismo e a questão da visualidade. São também leituras paralelas se levarmos em conta a crítica tradicional que se debruçou sobre sua obra, (responsável por caracterizar sua linguagem como seca e anti-lírica), e nesse sentido, buscam na revisão crítica de João Cabral o exercício de observar novas perspectivas de produção, levando em conta as infinitas possibilidades de leitura que surgem de uma poética extremamente múltipla.

Palavras-chave: Orides Fontela, Poesia Contemporânea, João Cabral de Melo Neto