RAZÃO OBJETIVA E SUBJETIVA N'O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO: DIÁLOGO ENTRE JOSÉ SARAMAGO E MAX HORKHEIMER

1303

Aluno de Iniciação Científica: Tiago Kondageski (PIBIC/CNPq)

Curso: Letras - Inglês ou Português com Inglês (M)

Orientador: Antonio Augusto Nery

Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 80201008


RESUMO

Segundo Max Horkheimer (1895-1973) em seu livro O eclipse da razão (1974) existem dois tipos de razão: a objetiva e a subjetiva ou instrumental. O conceito de razão subjetiva é próximo do que comumente entendemos por razão: uma ferramenta utilizada para alcançar da forma mais bem sucedida possível um determinado fim. Segundo o pensador alemão, atualmente há uma hipervalorização desse tipo de razão e um esquecimento, por conta disso, dos fins a que essa razão serve. A conseqüência disso é a destruição do âmbito da discussão, ou seja, da verdade: se cada um tem seus próprios fins e a razão somente se ocupa com os meios, quem decidirá entre dois fins que entram em conflito? Razão objetiva, por outro lado, é a razão que busca uma verdade que seja digna de definir os próprios fins. Ela busca a Verdade que é válida para além do indivíduo, que está na própria realidade. Não está em questão, ao expormos a diferença entre os dois tipos de razão, o que cada uma defende, mas sim o modo como elas se dão: suas estruturas. Levando em conta que o tema da vontade de Deus contraposta a verdade da narrativa já foi abundantemente estudado na obra de José Saramago (1922-2010), respondendo assim às perguntas "qual é a vontade de Deus em Saramago" e "qual é a verdade", pretendemos por intermédio da análise d'O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991) focarmos na pergunta "como se dá a vontade de Deus e a verdade". Ou seja, qual é a estrutura na qual elas acontecem. Temos em mente, assim, mostrar que a diferença entre a vontade de Deus e a Verdade não é somente de conteúdo, mas também de forma. O deus ali apresentado é um deus que somente conhece a razão subjetiva – ele sabe como tomar atitudes eficazes de modo a atingir seus objetivos, cumprir sua soberana vontade. No entanto, existe um âmbito afastado da vontade de Deus e esse é o âmbito da Verdade (alvo da razão objetiva). A Verdade não se dá como instrumento a serviço de nenhum dos personagens: ela transcende a todos e se impõe para além do nível do indivíduo.

Palavras-chave: Saramago, Horkheimer, Razão