SER E ESTAR E A PREDICAÇÃO ADJETIVAL

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Aluno de Iniciação Científica: Marília Costa Pessanha (PIBIC/Fundação Araucária)

Curso: Letras - Inglês ou Português com Inglês (M)

Orientador: Maria José Gnatta Dalcuche Foltran

Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 80101003


RESUMO

O objetivo deste trabalho é descrever a interação do funcionamento das cópulas ser e estar com a seleção adjetival na língua portuguesa. Para isso, analisamos estudos feitos anteriormente para outras línguas românicas (espanhol e catalão, principalmente) e os estudos feitos para o português por Schmitt (1992, 2005) e os aplicamos a dados por nós obtidos. Analisando o espanhol e o catalão, trabalhos como os de Camacho (no prelo), Zagona (2009) e Brucart (2010), além dos já citados de Schmitt, negam a análise, já algo consolidada, de serem ser e estar lexicalizações da distinção predicado-de-indivíduo (PI -predicados de propriedades permanentes) versus predicado-de-estágio (PE predicados de propriedades transitórias). Neste projeto, fizemos um levantamento das ocorrências de ser e estar no português brasileiro, testando-as segundo os padrões de PI e PE. Constatamos que estes verbos são bons indicadores de PI/PE quando os predicados são adjetivais, havendo em alguns casos certa flutuação e possibilidade de alteração por modificadores espaço-temporais. Para todos os demais contextos, mostramos, em consonância com os autores citados, que esta análise não é suficiente. Finalmente, aplicamos a análise de um desses autores (Schmitt 2005) sobre os dados levantados. Concluímos que ser é um verbo transparente para aspecto, isto é, não há restrição categorial alguma quanto à estrutura temporal do seu complemento, tampouco contribuição para o construto temporal da sentença. Consequentemente, ser apresenta poucas restrições selecionais, tende a aparecer em contextos genéricos e universais e permite mais alterações na sua interpretação – como é o caso do fenômeno ACT BE. Em contrapartida, estar é uma cópula com informação aspectual, contribuindo para a construção temporal ao ancorar a eventualidade denotada a um momento específico. Desta maneira, a leitura temporária de predicados com estar decorreria por implicatura da oposição à possibilidade de leitura aberta denotada por ser.

Palavras-chave: Verbos Copulativos, Predicados-de-Indivíduo, Predicados-de-Estágio