OS PENSADORES DA IGREJA EM PORTUGAL NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIV

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Aluno de Iniciação Científica: Leonardo Girardi (PIBIC/CNPq)

Curso: História (T)

Orientador: Fátima Regina Fernandes

Departamento: História

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 70502005


RESUMO

Dando sequência aos trabalhos desenvolvidos durante o Edital anterior, de forma mais ampla continuamos a analisar algumas das causas que desencadearam a série de querelas e comoções que movimentaram o final do século XIV e início do XV, bem como a explorar este período transitório do Medievo à Modernidade. Sendo assim, permanecemos debruçados sobre o período conhecido como o Exílio de Avignon (1309-1377), compreendido pela ausência da Cúria Pontifícia de Roma e sua consequente instalação na cidade francesa de Avignon, seguido por sua sujeição à coroa de França. Tal acontecimento é importante por marcar a ascensão dos poderes régios em paralelo aos últimos suspiros dos projetos pontifícios de um primado teórico com efeitos políticos sobre os reinos da Cristandade latina, o qual encontrou durante muito tempo seu sustento em teorias elaboradas por grandes doutos da Igreja. Neste sentido, podemos evocar o duelo que se desenvolveu no próprio seio da instituição, evocando nomes como o de Marsílio de Pádua – de tantos outros –, que atuaram como vorazes críticos das ideias contidas na teocracia pontifícia e, por outro lado, citando aqueles que se empenharam na construção de defesas e ofensivas a esses críticos, observando-se aqui Álvaro Pelayo, centro de nossos estudos. Do eminente frei galego e bispo de Silves (atual diocese de Faro, em Portugal), seguimos usando o Speculum Regum (Espelho dos Reis – 1341-1344) como fonte primária, onde o autor deixa muito bem clara a sua concepção de supremacia do Sacerdotium sobre o Imperium através de uma teoria política bem lapidada ao longo de seu trabalho. Assim, nos propomos a ir mais a fundo nas palavras de Álvaro tendo como meta analisar a série de virtudes elencadas e trabalhadas pelo autor para dar base – e legitimidade – a seu discurso, percebendo a relação destas com o contexto em que estão sendo apresentadas, ou seja, a ascensão dos poderes régios em Portugal e Castela, representados, respectivamente, pelas figuras de Afonso IV (1325-1357) e Alfonso XI (1312-1350). Ao mesmo tempo, observaremos a própria natureza especular da obra, dadas as premissas de orientação ao rei de Castela para uma boa conduta e a prática de um reto governo através do já mencionado conjunto de virtudes exposto no texto – retendo assim, informações válidas para melhor interpretar a obra e compreendê-la dentro de seu plano de fundo histórico.

Palavras-chave: Portugal Baixo-Medieval, Álvaro Pelayo, Teoria Política