CONTEXTUALIZAÇÃO ETNOGRÁFICA DA COLEÇÃO XETÁ DO MAE/ UFPR

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Aluno de Iniciação Científica: Patricia Andrea Hartmann (PIBIC/CNPq)

Curso: Ciências Sociais (M)

Orientador: Laura Pérez Gil

Departamento: Antropologia

Setor: Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes

Área de Conhecimento: 70302006


RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar e entender o processo de formação de uma coleção etnográfica que faz parte do acervo do MAE/UFPR, conservada em sua Reserva Técnica, referente ao povo indígena Xetá. Para isso, é necessário entender o contexto histórico do período em que o material foi coletado (anos 1960), e também o contexto indígena dos modos de produção e de significação das peças. Nos anos 1940, a região conhecida como Serra dos Dourados, no Estado do Paraná, foi vendida pelo governo do Estado, com a intenção de povoar a área e encorajar a expansão das plantações de café. Embora já houvesse notícias sobre a existência de índios desconhecidos, as expedições realizadas não encontravam nenhum deles, apenas acampamentos abandonados. Outras expedições foram realizadas após os primeiros contatos, dentre elas as do Professor Loureiro Fernandes e as do fotógrafo Vladimir Kozák, que, em parceria com o Professor Fernandes, ou sozinho – realizou cerca de 20 viagens ao acampamento Xetá nos anos 1960. Destes contatos, o material etnográfico foi sendo coletado, e foi posteriormente doado para a reserva técnica do MAE/ UFPR. A história de como a coleção foi elaborada nos informa sobre os métodos distintos de trabalho de Vladimir Kozák e Loureiro Fernandes. Duas formas de olhar um coletivo humano, totalmente diferentes. Enquanto Loureiro Fernandes tinha uma forma mais pragmática de se inteirar e conhecer, priorizando a parte burocrática de contatos via cartas e relatórios, nos quais solicitava demarcação de terras e alertava às autoridades sobre o problema da dizimação indígena em curso; Kozák, homem sensível, gostava de longos períodos de convivência, documentou filmes, pintou e retratou índios, rituais e paisagens. Apesar dos esforços do Professor Loureiro Fernandes em alertar as autoridades e o Serviço de Proteção aos índios, a lenta burocracia e mesmo um certo descaso político fez com que a etnia Xetá desaparecesse. A pesquisa com base no material bibliográfico já produzido e no levantamento de cadernos pessoais e diários de campo dos pesquisadores citados permite a compreensão do processo de contato e do papel que pessoas do meio acadêmico da UFPR tiveram nele.

Palavras-chave: Povos Indígenas, Coleção Etnográfica, Cultura Material