RESUMO

No início de Ética a Nicômaco, em seu primeiro capítulo, Aristóteles confere ao ‘bem' o significado de que é a ele que todas as coisas tendem. Em Ética a Eudemo o autor volta a mencionar uma forma de delinear o bem, negando a afirmação de que todas as coisas tendem para um único bem. Em uma primeira vista, poderia parecer existir uma contradição entre as duas afirmações. Porém, um exame mais acurado permite sugerir que, na Ética a Eudemo, a argumentação de Aristóteles tem em mira a Ideia de Bem de Platão, que Aristóteles rejeita. De acordo com este, as coisas tendem a um bem, mas não um único bem e muito menos a uma Ideia de Bem. Na pesquisa iniciada neste Edital, pretende-se aprofundar o exame da noção aristotélica de bem com vista a, futuramente, compreender em que sentido ela se distingue da concepção platônica sobre o Bem. O estudo do entendimento platônico de forma específica não caberá neste momento da pesquisa, pois aqui se atentará especificamente para as noções que Aristóteles dá aos termos em suas obras. Para tanto, dever-se-á atentar para outros termos centrais discutido nas obras Ética a Eudemo e Ética a Nicômaco, tais como felicidade e virtude. O enfoque ficará em torno principalmente do primeiro capítulo das obras utilizadas. Na argumentação tecida por Aristóteles nessas duas obras, os termos ‘bem', ‘felicidade' e ‘virtude' se entrelaçam de maneira a formar um organismo vivo do estudo de Aristóteles. O entendimento de um dos termos traz, na maioria das vezes, a necessidade da compreensão do outro. Assim, a primeira tarefa, à qual será dedicado este estudo, é o entendimento de cada uma dessas noções em sua singularidade, buscando-se como resultado o esclarecimento dos significados dos termos respectivos em cada uma das obras e apontamentos de eventuais incongruências, visando precisar melhor que papel esses conceitos desempenham na estrutura argumentativa a partir da qual Aristóteles elabora sua Filosofia Política.

Palavras-chave: Bem, Felicidade, Virtude