RESUMO

A partir da concepção da lógica aristotélica como concernente a demonstração, temos a tarefa de entender que tipo de sistema lógico Aristóteles propõe: um sistema de dedução natural, esteado em regras de inferência ou um sistema axiomático, baseado em axiomas? Nesse caso, ou a silogística se dá somente por regras de inferência, ou tem ao menos um axioma, acompanhado por ao menos uma regra de inferência. Apesar de os mesmos argumentos poderem ser concluídos pelos dois sistemas, há distinções. Examinando-se a questão a luz dos comentadores contemporâneos Jan Lukasiewicz e John Corcoran, temos o seguinte cenário: uma das interpretações criticando fortemente Aristóteles, insinuando que a silogística contém vários erros e é uma ciência axiomática e outra procurando defender a solidez da silogística aristotélica, como sistema de dedução natural, correta e completa. Podemos dissecar as posições aristotélicas e as críticas, as quais podemos destacar o debate de se a silogística não é autossuficiente; que existem elementos que não são provados por silogismos e que fazem parte de uma lógica proposicional, que se encontra fora da silogística, como as conversões de premissas e a prova por exposição, utilizando a ecthesis. Também foi levantada a questão de se Aristóteles prova, de fato, os silogismos imperfeitos por meio dos silogismos de primeira figura, pelo fato daqueles silogismos parecerem ser os de primeira figura disfarçados, isto é, a prova incorrendo na falácia de petição de princípio. Também nos debruçamos sobre a questão de qual a relação da lógica com a ciência: se devemos entendê-la como uma ciência ou um estudo subjacente a ciência? Foi o caso de defendermos uma das interpretações, a qual julgamos mais pertinente a letra do texto aristotélico, observando também qual o estatuto do silogismo e seu papel dentro da silogística. Outrossim, procuramos esclarecer o procedimento de ecthesis, recorrendo aos comentários de Alexandre de Aphrodisias.

Palavras-chave: Aristóteles, Silogismo, Lógica