RESUMO

Atualmente os fluxos migratórios internacionais têm apresentado um grau de complexidade elevado quando consideramos a análise e compreensão destes, sobretudo se destacada a relação entre os estados nacionais e os migrantes. Os primeiros buscam criar uma série de medidas de contenção para a chegada e fixação dos fluxos populacionais. Porém, como tática de transposição destas barreiras e inserção nos locais de destino, os migrantes se organizam em redes sociais. Com recursos de comunicação, deslocamentos e circulação de informações mais tangíveis que em períodos anteriores, os migrantes fortalecem laços nos territórios de origem e destino. Tal relação tem sido apontada conceitualmente como Transnacionalismo, onde as relações de trocas e circulação com base nas redes sociais migratórias fundariam um espaço transnacional/globalizado. Ou seja, um espaço onde as relações entre países de origem e destino são fortalecidas pela ação dos migrantes. Entretanto, tal análise faz insurgir uma série de questões sobre o que seria uma prática transnacional de fato. Afinal, a utilização de redes sociais migratórias, uso dos meios digitais de comunicação, envio de remessas, baixa inserção nos espaços públicos da cidade, podem ser entendidos como prática de transnacionalismo? Assim, procura-se neste trabalho analisar criticamente o uso do conceito nos estudos migratórios atuais. Para tal, nos apoiamos em uma literatura que levanta mais elementos e condições que necessitam ser criadas e solidificadas entre os países envolvidos no fluxo, para se considerar a migração como fluxo transnacional. Desta maneira, o trabalho tem como foco de análise o grupo de migrantes paraguaios na cidade de Curitiba, capital do estado do Paraná. Metodologicamente utilizou-se dados quantitativos como: séries censitárias e dados oficiais de outros órgãos oficiais do Brasil. Também foram utilizadas fontes qualitativas como: registros fotográficos, entrevistas com paraguaios radicados em Curitiba, entrevistas com um grupo de mediadores sociais ligados à causa migratória. Conjuntamente foram realizadas técnicas de observação participantes em festividades culturais organizadas por grupos migratórios e participação e análise das temáticas levantadas em eventos sobre a migração. Ao final, considera-se que o grau de Transnacionalismo dos migrantes paraguaios em Curitiba é de baixa intensidade. Políticas migratórias desfavoráveis e assimétricas, a tensão histórica entre Brasil e Paraguai e a pouca participação nos espaços públicos da cidade, são elementos que contribuem um baixo grau de transnacionalidade

Palavras-chave: Migrações Internacionais, Transnacionalismo, Redes Sociais Migratórias