RAÇA/RACISMO NA FORMAÇÃO CULTURAL BRASILEIRA E SUA CONTESTAÇÃO: DO MOVIMENTO NEGRO AO RAP

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Aluno de Iniciação Científica: Amanda Moraes e Bueno (PIBIC/UFPR-TN)

Curso: Direito (M)

Orientador: Ricarcdo Prestes Pazello

Departamento: Direito Público

Setor: Setor de Ciências Jurídicas

Área de Conhecimento: 60101083


RESUMO

A construção do moderno significado de raça surge com o colonialismo, como forma de legitimar a dominação europeia no continente americano e o posterior imperialismo na África. Assim, os brancos seriam naturalmente superiores, sendo os negros e indígenas situados no passado, tendo em vista que os europeus seriam a culminação do processo evolutivo. A Europa, desta forma, em função de seu poder politico e econômico, coloca-se como a única instância produtora do conhecimento válido. Deste modo, constroem-se teorias que afirmam a existência de diferenças entre as raças, sendo os brancos superiores aos demais, legitimando, dessa maneira, a dominação colonial. Tais teorias são recebidas no Brasil e reproduzidas, coadunando com o pensamento da elite local. Assim, surgem obras de autores como Nina Rodrigues, que afirmava que o atraso verificado no Brasil dava-se em função dos negros e mestiços no país. Oliveira Vianna, por outro lado, via positivamente o processo miscigenatório, que seria capaz de branquear o país. A sociologia brasileira, dessa forma, neste início do século XX, reproduz o pensamento colonial, reforçando as teorias racistas, mas também apresenta-se como sintoma deste processo colonizatório ao qual submeteu-se a América Latina, em que o conhecimento legítimo, e portanto aquele a ser adotado e seguido, é aquele produzido na Metrópole. A contestação das condições às quais estava submetida a população negra, em função desta noção de superioridade branca, verifica-se ainda no período colonial, através de Palmares e de inssurreições como a Revolta dos Malês. Posteriormente, com o fim da escravidão, nascem organizações negras como a Frente Negra Brasileira, que surge em 1931, sendo a maior organização negra na primeira metade do século XX. Em 1944 surge o Teatro Experimental do negro, que, a princípio, era apenas uma companhia de teatro exclusiva de atores negros, mas que acabou assumindo funções politicas e culturais. O posterior período ditatorial provocou a suspensão de diversas atividades políticas, incluindo o movimento negro, que volta a surgir de forma organizada e pública na década de setenta. Assim, em 1978 surge o Movimento Negro Unificado, que partia da noção de que a luta antirracista deveria ser combinada à luta anticapitalista. Atualmente, o rap, inserido dentro do movimento hip-hop, coloca-se como importante meio de luta antirracista, dando voz àqueles que historicamente nunca foram escutados. Deste modo, denuncia o cotidiano opressor das periferias, de forma a buscar uma conscientização da violência perpetrada por um discurso racista.

Palavras-chave: Racismo, Colonialismo, Rap