RESUMO

O rotavírus (RV) é reconhecido como o principal agente viral na etiologia das diarreias neonatais dos bezerros. Em bezerros, o RV grupo A (RV gpA) é o mais frequentemente detectado em quadros clínicos de diarreia no período entre o nascimento e o desmame, ocasionando perdas econômicas consideráveis na bovinocultura. A alta concentração de partículas virais excretadas nas fezes durante o período agudo da doença associado à sua particularidade genômica destes vírus (onze segmentos de RNA de fita dupla) permite diagnóstico sensível e especifico por meio da técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida (EGPA). O presente trabalho teve como objetivo detectar, por meio da EGPA, o RV bovino em amostras fecais provenientes de um rebanho com aptidão leiteira com histórico recorrente de diarreia neonatal. Foram analisadas 40 amostras fecais diarreicas de bezerras com até 40 dias de idade, coletadas no período de março de 2012 a fevereiro de 2013, provenientes de uma propriedade leiteira do município de Mariluz, noroeste do Paraná. Alíquotas de suspensões fecais a 10% em tampão TRIS-Cálcio foram submetidas à extração do ácido nucléico pela associação das técnicas fenol clorofórmio-álcool isoamílico associada à sílica-isotiocianato de guanidina e em seguida submetidas à EGPA a 7,5% e corado por nitrato de prata. Foi possível a identificação do RV A pela técnica de EGPA, em doze (30%) amostras (8 – 66,6% consistência líquida, e 4 – 33,3% consistência pastosa), e histórico de morte de quatro bezerras em decorrência de desidratação e infecções secundárias respiratórias. A excreção em altos títulos de partículas virais por gramas de fezes no período agudo, e a grande resistência do agente no ambiente, desafia os animais justamente no período em que a imunidade passiva das bezerras está em declínio (2ª3ª semanas de vida). A alta prevalência encontrada pode ser justificada com as falhas de manejo sanitário quanto à limpeza e desinfecção, e a precariedade das instalações onde animais de diferentes idades permanecem no mesmo ambiente, sem segregação de animais sintomáticos, permitindo constante circulação e propagação do RV. Reforça-se a necessidade de adoção de medidas higiênico-sanitárias para promoção da saúde animal na referida propriedade, somada a estudos epidemiológicos para avaliação de métodos de controle e profilaxia desta virose.

Palavras-chave: Rotavírus, Diagnóstico, Prevalência