RESUMO

Tinea capitis (TC) é uma das infecções fúngicas mais comuns na pediatria, principalmente, na idade escolar entre 3 e 7 anos. É causada por dermatófitos do couro cabeludo de espécies antropofílicas e zoofílicas dos gêneros Microsporum e Trichophyton, cujo habitat ideal de disseminação encontra-se no clima tropical. O objetivo deste estudo foi avaliar os casos de TC atendidos no ambulatório de dermatologia pediátrica em um hospital terciário – Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR). Foi um estudo analítico e retrospectivo, com revisão dos prontuários entre os anos de 2002 a 2011. A média de casos entre 2002-2006 e 2007-2011 foi de 12,4 e 7,2 casos/ano respectivamente. Dos 98 pacientes com TC, 61% eram meninos e a mediana de idade foi de 60 meses (2 a 190). A média de tempo entre o início da doença e a consulta médica foi de 2,8 meses. O tratamento prévio foi griseofulvina em 21% e antifúngico tópico em 65%. Havia lesão única em 74%, 19% tinham 2 ou mais lesões e, em 7% dos pacientes, o dado não foi descrito. Kerion ocorreu em 9%. Contato com animal doméstico foi relatado em 71,4% dos pacientes. Das culturas realizadas, 67% foram positivas para Microsporum canis, 4% para Trichophyton rubrum e 19% foram negativas. O micológico direto foi negativo em 50%. A griseofulvina sistêmica, único antifúngico oral autorizado pela Food and Drug Administration (FDA) para tratamento de TC, foi utilizada em 92% dos casos. Melhora foi obtida em 49% dos pacientes e 51% não retornou ao ambulatório. Conclusão: Constatou-se a diminuição da incidência da doença durante o período estudado, o que reflete melhora na conduta terapêutica nas unidades de saúde e/ou melhora na condição de saúde dos animais. O principal agente foi o Microsporum canis e o tratamento com griseofulvina foi efetivo, embora o longo tempo de uso necessário para boa resposta seja um fator complicador para o seguimento clínico dos pacientes.

Palavras-chave: Tinea, Capitis, dermatofitose