RESUMO

O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é um transtorno neuropsiquiátrico em que o indivíduo é afetado por pensamentos intrusivos (obsessões) e lança mão de comportamentos estereotipados para suprimir tais pensamentos (compulsões). Este transtorno afeta 2% da população geral. Atualmente, o tratamento para o TOC consiste no uso de inibidores seletivos da receptação de serotonina (ISRSs), como a fluoxetina, além de terapia psicológica. No entanto, cerca de metade dos pacientes não respondem ao tratamento com ISRSs, sendo necessário pesquisar novas alternativas farmacológicas para o TOC. Estudos mostram que a administração de cafeína é capaz de reduzir os sintomas do transtorno. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da administração aguda e crônica de três diferentes doses de cafeína (5, 20 e 40 mg/kg i.p.) em camundongos, utilizando como controles ativos diazepam (1 mg/kg i.p.) e fluoxetina (10 mg/kg i.p.), no teste de esconder esferas (TEE), labirinto em cruz elevado (LCE) e no campo aberto (CA). A administração aguda da dose de 40 mg/kg de cafeína foi capaz de reduzir significativamente o número de esferas escondidas em comparação ao grupo controle. Os grupos tratados de forma aguda e crônica com diazepam também apresentaram redução significativa no número de esferas escondidas. No LCE, não foram vistas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos tratados de forma aguda ou crônica. No CA, todos os grupos tratados de forma aguda ou crônica apresentaram redução no número de quadrantes cruzados em relação ao grupo controle. Portanto a administração aguda da dose de 40 mg/kg de cafeína apresentou efeito ansiolítico/antiobsessivo no TEE, porém nenhuma dose apresentou efeito antiobsessivo no LCE e todas apresentaram redução da atividade locomotora no CA, o que pode estar relacionado a um efeito sedativo ou efeito ansiogênico, porém não foram observados efeitos sedativos no LCE. Estes resultados inesperados podem ser decorrentes do pequeno número de sujeitos (n=4), o que aumentaria o risco de erro tipo II ou da escolha da dose, uma vez que foi utilizada apenas uma dose de diazepam e fluoxetina, ou também por um possível desenvolvimento de tolerância nos animais tratados cronicamente com cafeína 40 mg/kg, uma vez que a média está próxima do controle, porém não havendo diferença significativa, como ocorreu no grupo tratado agudamente com essa mesma dose. Mais estudos são necessários com maior número de animais e outras doses, assim como outros modelos para avaliar atividade locomotora, para melhor análise dos resultados.

Palavras-chave: Transtorno Obsessivo Compulsivo, Cafeína, Teste de Esconder Esferas