EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE PEIXE SOBRE A PERDA NEURONAL DOPAMINÉRGICA PROMOVIDA PELA EXPOSIÇÃO PRÉ-NATAL AO LIPOPOLISSACARÍDEO

0318

Aluno de Iniciação Científica: Paula Regina Gelinski Kempe (PIBIC/CNPq)

Curso: Biomedicina (MT)

Orientador: Anete Curte Ferraz

Colaborador: Ana Marcia Delattre

Departamento: Fisiologia

Setor: Setor de Ciências Biológicas

Área de Conhecimento: 20702019


RESUMO

Embora a etiologia da doença de Parkinson ainda permaneça desconhecida, estuda-se que a redução das células dopaminérgicas pode estar associada a diferentes mecanismos. Alguns estudos em animais têm demonstrado que a exposição pré-natal ao lipopolissacarídeo de Escherichia coli (LPS), que mimetiza uma infecção bacteriana durante a gestação em humanos, pode causar uma perda significativa nos neurônios dopaminérgicos da substancia negra parte compacta ao gerar um processo inflamatório. Assim, hipotetizamos que o fornecimento de ácidos graxos poliinsaturados da família ômega-3, presentes no óleo de peixe, durante uma janela temporal importante para o desenvolvimento do sistema nervoso central, pudesse desenvolver um papel crucial na modificação de fatores importantes envolvidos na etiologia desta patologia. Para tanto, ratas Wistar com 12 semanas de idade foram divididas em dois grupos: óleo de peixe (OP) que receberam durante a gestação e lactação suplementação diária de 3g/kg de óleo de peixe e grupo controle (C) sem suplementação. No 11º dia de gestação cada grupo foi subdividido em dois e cada rata recebeu, via i.p., injeção com LPS (OP/LPS e C/LPS) na dose de 10.000 unidades de endotoxina (EU)/kg corporal ou volume idêntico de solução salina (OP/S e C/S). Os filhotes machos, aos 21 dias de vida foram submetidos a teste para avaliação da memória de reconhecimento do novo objeto e quantificação da concentração de dopamina (DA) estriatal e seu metabólito DOPAC (ácido 3,4-dihidroxifenilacético). Os dados foram avaliados por ANOVA de duas vias seguida pelo pós-teste de Duncan. No teste de memória de reconhecimento do novo objeto, os animais dos grupos OP/S e C/S permaneceram mais tempo explorando o objeto novo em relação ao familiar (p<0,01), e os animais C/LPS exibiram tempos iguais para os dois objetos (p=0,76). No entanto, os animais OP/LPS exibiram aprendizagem semelhante a dos salinas (p<0,03). Nas dosagens estriatais, o grupo C/LPS apresentou níveis reduzidos de DA em relação aos grupos C/S e OP/S (p<0,01), porém os animais OP/LPS aumentaram os níveis de DA em relação a todos os grupos (p<0,02). Quanto aos níveis de DOPAC não houve diferença significativa entre todos os grupos experimentais. Concluindo, a exposição pré-natal ao LPS gerou redução de DA e déficit cognitivo, os quais foram revertidos pela suplementação com óleo de peixe, possivelmente através de um mecanismo anti-inflamatório.

Palavras-chave: Doença de Parkinson, neuroproteção, omega-3